Contos para o governador: 2º

by 5/07/2013 0 comentários
Personagens: Rialdo, 34 anos casado pai de dois filhos feirante; Rieti, 65 anos viúva, sem filhos dona de casa; Rioro, 45, abandonado bêbado mendigo. 

Crescido em uma família de feirante, Rialdo estava acostumado a distribuir para os “largados na fé” no final da feira, aquilo que nenhum cliente achava bom o suficiente para levar para casa. Agora com sua barraca de frutas vermelhas em novo ponto não faria diferente, contudo o destino tinha outro objetivo. 

Riete, a dona da casa, estava familiarizada com a feira na sua rua, nunca se incomodou com o cheiro e o barulho desde que a barraca na sua porta não fosse chamativo de mendigo. Rioro vivia pelas ruas á mais de quinze anos. Posto para fora de casa pelo seu pai, ele agora mendigava durante o dia e bebia durante a noite. Sua única folga desses dois atos era o dia em que na feira recebia da família de Rialdo comida e conversas de graças. 

A feira nesse dia do conto correu como sempre correu. O feirante trabalhou normalmente, exceto pelo fato de sentir sobre seus ombros o olhar duvidoso da dona da casa. Já a dona da casa dominada pela insegurança, esqueceu a rotina e na janela permaneceu boa parte da manhã. 

O mendigo feliz pelo dia da feira esperava ansioso pelo seu desjejum. Nenhum deles percebeu a dilatada tensão estabelecida logo nas primeiras horas do dia. O que estava preste a acontecer talvez a constância policial ou consciência individual poderiam desviar, entretanto o tempo era sempre perdido culpando outros. 

Logo após as duas da tarde, o feirante mesmo com não vendendo o habitual, deu-se por satisfeito e começou a encaixotar o que julgo dar bom suco e a separar o que ainda dava para comer. 

Em uma sacola de plástico despejou a alegria do mendigo e no exato momento em que esticava o braço para doar suas frutas, a senhora da janela puxou-lhe o braço e sussurrou em seu ouvido: - Aqui não distribuímos o resto.

O feirante triste por enfim compreender o pouco movimento da feira e o medo que assolava aquela rua, tratou de carregar o caminhão antes do arrastão chegar. 


SSMartinelli

S²FM

Pela janela olhei, tulipas não encontrei. Pensei, Filosofei, Bloguei.