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Vou te contar um mito que no começo, parecerá bonito e no final, esquisito.

Das profundezas do oceano, nasceu uma alga que diferente das outras algas, esta falava a língua dos peixes.

Desde pequena, conversava com todas as criaturas do mar; Oi como está? Suas nadadeiras estão aceleradas. Há tubarões rondando a superfície. Nade em outro sentido que encontrará alimento. 

Quando cresceu resolveu intermediar os conflitos entre as espécies e durante um bom período, obteve sucesso, deixando assim o submerso cada vez mais equilibrado.  

Porém, em uma noite ausente de lua, enquanto as águas sofriam uma convulsão, os peixes ficavam sem ar. 

Todas as algas foram chamadas para mediar a situação, exercendo sua função em mutirão.

A alga faladora, se alinhou com suas irmãs e em conjunto, começaram a dançar. 

Aos poucos o caos foi se dissipando.

Quando tudo voltou ao normal, a alga faladora havia desaparecido, não só fisicamente, como da mente de todas as espécies.


Cansada de conversar somente com as águas que lavam suas louças, durante o jantar ela se pronunciou:

- Você pensa que sabe tudo, mas quando vejo o seu futuro... nada além de um grande furo.


Depois de tanta discussão, ele chegou a conclusão:

 - Um homem cego é capaz de seguir um gato, enquanto um homem comum, mal consegue escolher um bom sapato.


Postagem original - @contoemvanconsciencia
Na loja enfeitada de serpentina, ela entrou e abusou da vontade de pular o carnaval. Comprou tudo e mais um pouco, aqueles quatro dias de feriado seriam os melhores dias de todo o seu ano; com certeza.  

Ansiosa, ela esperava pela folia, como mãe pelo primeiro filho. Os dias foram se tornando noites, noites se tornando em dias, até que, uma semana depois, chegou a hora de esquecer a rotina.  

Bem hidratada, bela e maquiada, juntos com amigas, ela seguiu para bloco.
Sua alegria era contagiante, nem mesmo o furto do seu celular foi capaz de abafar a festa que fazia. 

Os dias passaram e a cada troca de fantasia, ela tentava abstrair a chegada da quarta-feira de cinzas; não ela não vai chegar, tenho certeza.

Mas, como do tempo, ninguém é mestre, quarta-feira de cinzas amanheceu no calendário do mundo entristecendo os corações dos foliões. Ela também foi tomada pela tristeza; que pena, a alegria passa rápido de mais, enquanto a tristeza.... Ah não, não posso deixar acabar, esse ano inteiro vou me fantasiar, vou cair na folia, vou escutar o coração e ser dona da minha própria alegria, cadê a serpentina?!


Publicação original Sweek 
Naquela tarde, após o caos, ela rogava pela paz quando foi surpreendida pela visita inquieta do Inconsciente: 
- Há tempos que te mando mensagens, mas você só visualiza. Agora, não me venha pedir conciliação, tô bem cansado da sua falta de ação.

Quando olhou no espelho, descobriu o motivo por nada mais fazer sentido, seus olhos haviam sido trocados.

Chovia e o céu me dizia: - é melhor roupa molhada do que furada.
Parada, feito espantalho
o máximo que conseguia
era a companhia
do desditoso corvo.
Um dia resolveu que corria
suas pernas pouco sabiam que isso existia
Ela então caiu espalhando palhas pelo chão
Abatida, tentou levantar,
mais seus trapos desintegraram
Sem roupa, sem corpo sua alma ficou exposta.
- FINALMENTE, gritou o Corvo e concluiu: - AGORA TE LEVO DAQUI!







Ela acordou com uma estranha dor no rosto
Seu olhar, não era mais castanho, era redondo
Domado estava por uma estranha consistência.
Ela sabia, estava perdida entregue como estátua.



Nas primeiras horas daquela manhã, o som das suas palavras soava como guitarra molhada.

Todo final de tarde, ela sentava perto da velha persiana e mesmo sem removê-la do caminho, admirava a paisagem. Foi assim por muitas floradas. Até que em um dia comum, daquele que tudo parece estar em reprise, uma forte ventania sujeitou a abertura da janela e da parede mofada desenraizou a persiana amarelada. Naquele mesmo final de tarde, a paisagem, feroz, invadiu a morada daquela que nunca soube apreciá-la e dela despiu com rigidez a cortina da epiderme. O que sobrou, de tão amedrontada perdeu-se pelo ar. 


Ele não veio com a cabeça feita
suas linhas estavam pontilhadas
na espera da meada nada perfeita
e de suas melhores gargalhadas.
Ao ponto de cometer mais uma falcatrua, sua honradez sumiu de vez.  Ele então aproveitou o momento e roubou a alma de si mesmo.

....  ele se deu conta que suas palavras sem sons eram ouvidas somente na mente daqueles que sabiam ignorar os tantos ruídos vazios.


Postada entre a janela fechada e a cama desarrumada, ela confessou para o ar repetido:
Consigo sentir a brisa tornando-se tempestade,
os olhares sobre a mesa
      a tensão petrificando a nuca
            o som enlouquecedor dos pensamentos.
Onde estão minhas mãos que não alcançam seus dedos?
A chuva despenca e espanta as borboletas.
Para quem não quisesse ouvir ela disse: - Eu era generosa, mas uns arrancaram meus cabelos, e outros dilaceraram meus sapatos.
- Não vou embora só porque a pressão mudou e o tempo partiu, não mesmo! Quer saber, vou ficar e você se aconchegue pra lá.


- Não vejo o revelo que você exalta sem medo, mas percebo que alguns encontram o buraco enquanto outros, o amado.

Meu pedido
como vírus sorrateiro
desapercebido,
desaparecido
ainda flutua sobre a água pura
e o brado absorvido
a qualquer distração será perdido.


A chuva cantava para a janela. Enquanto ela, encantada ouvia, adormeceu sombria massacrada pela suave brisa.