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Todo final de tarde, ela sentava perto da velha persiana e mesmo sem removê-la do caminho, admirava a paisagem. Foi assim por muitas floradas. Até que em um dia comum, daquele que tudo parece estar em reprise, uma forte ventania sujeitou a abertura da janela e da parede mofada desenraizou a persiana amarelada. Naquele mesmo final de tarde, a paisagem, feroz, invadiu a morada daquela que nunca soube apreciá-la e dela despiu com rigidez a cortina da epiderme. O que sobrou, de tão amedrontada perdeu-se pelo ar.
O Destino rei
Era noite, não como uma, das mil e uma, mas Sherazade, a bailarina, contava sua história enquanto sua alma movia seu corpo ao som do qanun. Tendo o luar como exclusiva companhia, o momento era como pausado no tempo, até que absorvida, não percebeu o quanto seguia e depois de um longo e perfeito deslocamento, seus pés tocaram algo mais permanente, ela cessou os movimentos.
Largado no meio do descampado o punhal jurou que seu antigo companheiro era agora defunto, ele não imaginava que na verdade havia sido esquecido. Tristonho, sentindo-se solitário foi o toque dos pés daquela que bailava que recuperou seu luzente, e o punhal voltou para a companhia da cintura.
Logo depois de topar com o imponente punhal, a bailarina não teve outra escolha senão trazê-lo consigo, afinal ele era por demais elegante para permanecer entre os desmazelados. E assim, com ele enlaçado em sua cintura, continuou a reverenciar o luar.
O grão de café assim que caiu do saco de estopa sabia, tal ação era presente do destino, a felicidade não escondeu a gratidão, mesmo sabendo que algo em troca estava por vir.
Quando Sherazade pisou no púrpuro grão, foi transformada na mais bela monarca, borboleta.
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