Durante todos os segundos, minutos e horas ele vivia açoitado pelas preocupações do dia de amanhã. O homem que não parecia jovem, desfrutava suas noites com a árdua tarefa de acalmar a mente para entregar-se ao sono tranquilo.
Amarrado a angústia indomada de seus múltiplos pensamentos sobre absolutamente tudo, sofreu o grande surto, que confeccionou a falha em seu cerne no dia mais brando dos últimos anos.
Levado para o hospital pelo vizinho falastrão, fez uma série de exames. No final do dia, o médico constatou a ausência de qualquer doença física e para não dizer que seu atendimento foi em vão, receitou-lhe calmantes e descanso.
Ao voltar para casa o homem refletiu pela primeira vez sobre a peculiaridade de sua rotina nos caminhos da vida e com o coração abalado, entretanto repleto de aceitação, filosofou para si mesmo:
- Que surpreendente seria viver o agora. Todos os dias acordar e pensar somente no exato momento do agora... Ir deitar e ter a habilidade de fechar os olhos no agora... Seria como dançar sem o chão tocar... Sonho inalcançável para alguém tão apegado.