Não era um dia nem nublado
Nem ensolarado.
Também não chovia
E ninguém sentia
Os raios do sol.
Os raios do sol.
Era um dia estranho.
Refi não titubeou quando Segi o convidou para o assalto.
Segi selecionou a vítima com requintes de headhunter.
A jovem senhora morava sozinha
Tinha dinheiro
E não tinha porteiro.
Naquele estranho dia,
Os ladrões chegaram ao local do crime antes da sete da manhã.
Abriram a porta com tamanha facilidade que por segundos desconfiaram se a jovem senhora teria mesmo algo de valor no apartamento.
Segi, beirando as paredes, percorreu quase todo o apartamento a procura da vítima, foi Refi que avisou que a senhora estava no banho.
- Vamos logo, as joias estão no quarto.
Os dois correram nas pontas dos pés feito desenho animado.
Chegaram ao quarto sem qualquer problema.
- Meus Deus, estou rico. Disse o deslumbrado Segi.
Refi permaneceu calado. Colocou as joias no bolso e seguiu pelo corredor.
Assim que passou pela porta do banheiro,
Escutou a jovem senhora cantar:
-...Ainda vai levar um tempo.... para curar o que feriu por dentro... Natural que seja assim....
Feito filme, ele lembrou de sua mãe. (Dona Cevi logo após ser abandonada pelo marido não conseguia cantar outra coisa. Por tempos o pequeno Refi além de sentir a falta do pai, sentia a dor da mãe.)
- Segi, não posso fazer isso. Disse ele tirando tudo do bolso.
- Vai amarelar agora é?
- Não estou amarelando... Fui tomado por uma repentina compaixão.
Tal atitude deixou Segi ressabiado. Pensativo, ele abandonou o saco com as joias e o dinheiro perto da porta de entrada dizendo baixinho : - Repentina compaixão? Quem garante que isso não seja um vírus? Não roubo um palito de dente desta residência!